sábado, 22 de agosto de 2009

Ainda sobre a Exposição do Parque organizada pelo espaço Micaspatudo

Artigo publicado na Gazeta das Caldas de sexta-feira sobre o evento que decorreu no Parque:

Um domingo em que o Parque fez lembrar os velhos tempos

O Parque D. Carlos I fazia lembrar os bons velhos tempos no passado fim-de-semana ao surpreender os visitantes com os acordes da Banda Comércio e Indústria e uma exposição que o Espaço d’Artes Micaspatudo organizou.

Em torno do lago estiveram as bancas das ceramistas locais Paula Clemente, Bolota e Susana Jorge. Presente esteve também o ceramista Madaíl Mendes que esteve a trabalhar ao vivo. Entre os pintores contou-se com Artur Homem Ribeiro e António Saiote, que trouxeram trabalhos figurativos relativos às Caldas.

Ao todo participaram 30 autores, alguns com vários trabalhos usando técnica mista, carvão, gravura, óleo, acrílico ou aguarela.

Parque D. Carlos I acolheu obras e artistas durante o fim-de-semana

O Espaço d’ Artes Micaspatudo apresentou a 15 e 16 de Agosto uma mostra no Parque D. Carlos I. O público gostou de ver as várias propostas dos alunos e também de outros artistas que foram convidados a participar. Os trabalhos estiveram numa das principiais alamedas do único espaço verde da cidade e não faltou gente para apreciar a pintura, os bordados e as peças de cerâmica ao ar livre.

Quem passeou pelo Parque D. Carlos I no passado fim-de-semana foi agradavelmente surpreendido com uma exposição de trabalhos de pintura e de bordados das pessoas que frequentam os ateliers artísticos do Espaço d’Artes Micaspatudo. “Além dos nossos alunos - que já têm uma qualidade superior - decidimos também convidar outros artistas para se juntarem a nós nesta mostra ao ar livre”, disse Octávio Júlio, um dos responsáveis daquela entidade que resolveu fazer esta realização (que teve o apoio do Museu do Hospital e do Museu Malhoa).

Em torno do lago estiveram as bancas das ceramistas locais Paula Clemente, Bolota e Susana Jorge. Presente esteve também o ceramista Madaíl Mendes que esteve a trabalhar ao vivo. Entre os pintores contou-se com Artur Homem Ribeiro e António Saiote, que trouxeram trabalhos figurativos relativos às Caldas. E não faltou gente de todas as idades a apreciar as propostas, sobretudo as que se relacionam com a cidade e que pediam um olhar mais atento.

Ao todo no evento participaram 30 autores, alguns com vários trabalhos usando técnica mista, carvão, gravura, óleo, acrílico ou aguarela. “Pensamos repetir a iniciativa e esperamos que nos abram as portas a outras colaborações”, comentou o responsável que para além de apresentar sempre novas técnicas aos seus formandos está igualmente interessado em preservar a tradição como no caso dos bordados. “É preciso um pouco deste espírito de trazer para rua o que muitas vezes fica em espaço privado”, disse Octávio Júlio. A maioria das obras é feita por pessoas com mais de 40 anos, “mas que têm um espírito muito inovador e estão abertas a novos desafios”. Não há, pois, repetição de obras nestas apresentações ao público. Esta é a segunda mostra que a Micaspatudo organiza tendo a primeira decorrido na Capela de S. Sebastião há alguns meses.

Maria Luísa Avelar e Dulce Horta foram duas das alunas que participaram na mostra que consideram que estava “muito bonita”. Na opinião das duas alunas “é preciso incentivar as pessoas que pintam e que têm jeitoa vir participar nestas iniciativas”. Já para Maria José Filipe, que pertence à Cultartis (associação também dedicada à aprendizagem de expressões artísticas), estes são eventos muito positivos que devem continuar a realizar-se.

“Nunca deixei de trabalhar o barro”

Entre os participantes nesta iniciativa esteve Madail Mendes de 70 anos que esteve a trabalhar ao vivo na roda e a ensinar crianças e adultos como se trabalha o barro à roda.

Este autor começou a trabalhar em cerâmica aos 13 anos na fábrica do Germano. Deixou o barro aos 20 quando foi para a tropa e emigrou depois para Amesterdão onde esteve durante 42 anos. Trabalhou na área da colchoaria, mas nas horas vagas partilhava um atelier com uma ceramista holandesa e assim foi possível continuar a trabalhar as peças à roda.

“Com o fim da emigração e com a chegada da minha reforma voltei para a minha terra e continuo a dedicar-me ao barro”, contou este ceramista, que participa em todas as actividades para que o convidam. Nele é bem visível o gosto que tem em passar os rudimentos de trabalhar o barro à roda sobretudo junto do público infantil.

É na sua vivenda na Fonte dos Corações (Gaeiras) que se dedica a produzir peças de louça tradicional das Caldas, em faiança. Fá-las à roda e depois “ornamenta-se ao nosso gosto”, disse o autor, mostrando vários exemplares inspirados na tradicional couve caldense e outros exemplares mais contemporâneos.

Na sua opinião, deve continuar-se a apostar em trazer a cerâmica à rua e a ensiná-la a miúdos e graúdos. “Eles adoram, não vê?”, disse, apontando para as pessoas que num instante o rodeavam e viam sair das suas mãos peças como tigelas ou jarrinhas decoradas.

Natacha Narciso

Gazeta das Caldas - 21/08/09




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